Sonia Wysard tem fascínio pelas sutilezas e tem confiado sua pintura recente a elas. Se o preto sobre preto ou branco sobre branco de suas obras são uma aposta na aguçada percepção do que difere entre iguais, tensionando os limites da visão, por outro lado, a artista se lança a escalas quase monumentais, possibilitadas por movimentos com trinchas gigantes. Nessa ambivalência entre ser quase camuflada na luz, mas topologicamente intransponível, sua pintura tem explorado os desafios da tradição da abstração e suas possibilidades contemporâneas. É nessa direção que também caminham as suas monotipias, cuja sutileza monocromática aliada às ranhuras do movimento produz sequências de imagens em vias de apagamento, formando espécies de paisagens insuspeitas – como se provocassem o caráter autocentrado da abstração em sua fricção com os mundos que não anseiam em bastar-se por si mesmos.