LIMITE VISÍVEL
A exposição individual Limite Visível de Sonia Wysard contempla um panorama dos últimos 10 anos de produção da pintora, onde o gesto e as sutis tensões entre a escolha de determinadas cores e suas precisas e imprecisas sobreposições, revelam o fio condutor da sua linguagem artística: o desafio presencial dos limites da visão.
Partindo de uma rigorosa intenção geométrica, através de definidos procedimentos e controladas porém naturalmente inexatas operações gestuais, Sonia Wysard nos propõe um instigante e indefinível jogo visual, o qual se dá no encontro entre geometria e acaso, criando assim imagens ambivalentes e incertas entre figura e fundo, superfície e profundidade, e claro e escuro.
Suas pinturas, apesar de serem totalmente concebidas usando tintas, suportes e instrumentos tradicionais, vão além de um desejo moderno em criar um mundo abstrato ideal e autônomo; mas sobretudo, devem ser contempladas através da ideia de pintura expandida. Herdeira do entendimento pictórico do Abstracionismo e espacial da Minimal Art, Sonia Wysard instala suas grandes telas no espaço como dispositivos-paisagens para provocar uma particular imersão perceptiva sensorial e temporal. Esta tensão pictórica interna então se amplia ainda mais onde a pintura se defronta em escala real com o nosso corpo; fundem-se então em um diálogo subjetivo e único, o espectador, o lugar e a obra.
Nada fácil afrontar a incansável produção desta artista, pois tende a um silêncio, a um lento apagamento/revelação de imagens, gerando uma grande indefinição visual . . . este ambíguo limite visível, que na velocidade do nosso tempo exige insistência, e pode passar despercebido e principalmente desinteressante. E a decisão de Sonia Wysard por este caminho é muito corajosa, reafirmando algo extremamente importante: a Pintura é uma linguagem viva e aberta, que em cada nova situação, ativa novas relações e novas reações a partir da presença, do olhar, e do sensível.